segunda-feira, 18 de abril de 2016

Entenda o Processo Orçamentário do Distrito Federal e saiba como você pode influenciar onde seu dinheiro será usado



       
         Segundo o Wikipédia “Orçamento Público é um instrumento de planejamento e execução das finanças públicas.” Mas o que isso quer dizer exatamente? E como isso impacta na sua vida enquanto cidadão? Se você não sabe bem como responder tais perguntas, não se preocupe, pois não é o único. Aparentemente os especialistas da área falam uma língua paralela, pois as informações disponíveis sobre o assunto dificilmente são acessíveis em termos de compreensão para a maioria da população. Este pequeno texto se propõe a explicar de forma didática os pontos mais básicos do processo orçamentário do Distrito Federal para que você entenda um pouquinho do assunto.
        Em primeiro lugar, é importante saber que a cada ano existe uma lei que prevê as receitas e fixa as despesas públicas. Essa lei é conhecida como LOA e é apresentada, no caso do Distrito Federal, pelo Governador à Câmara Legislativa, sempre obedecendo prazos previstos na Constituição e na Lei Orgânica do DF. É por meio dessa lei que o governo determina como vai gastar o seu dinheiro, por isso ela é tão importante.
        Após apresentação do projeto de lei que trata do orçamento por parte do Governador é a vez dos deputados distritais entrarem em ação. Eles podem apresentar emendas ao projeto e contribuir para realização das políticas públicas, atendendo as necessidades da sociedade. Esta é uma parte bastante importante do processo legislativo orçamentário, pois é o momento em que o deputado distrital    sugere onde o dinheiro público deve ser utilizado, de acordo com as demandas verificadas junto aos seus eleitores, ao menos no mundo ideal.  Atualmente, cada parlamentar pode indicar até 18 milhões de reais em emendas orçamentárias individuais.
 
        Ainda sobre as emendas ao orçamento, vale dizer que até recentemente não era obrigatória a execução dessas proposições. No entanto, foi aprovada alteração na Lei Orgânica do DF em 2014 e na esfera federal por meio da Emenda à Constituição n° 86/2015 a determinação de que o Chefe do Poder Executivo (no DF, o Governador) deve obrigatoriamente executar as emendas parlamentares. É o que ficou conhecido como orçamento impositivo. Com isso, ampliou-se o papel do Poder Legislativo na execução orçamentária, pois até então as emendas eram apenas sugestões que poderiam ser atendidas ou não pelo governo, o que gerava enorme barganha política: apenas os deputados que votavam de acordo com a vontade governista conseguiam ter suas emendas executadas. O orçamento impositivo, portanto, força o Poder Executivo a tratar todos os parlamentares de forma isonômica, ao menos quando se fala de emendas. Em última análise, pode-se dizer também que  o orçamento impositivo confere mais autonomia ao Parlamento.
        Voltando ao processo legislativo do orçamento, depois que recebe as emendas na Comissão de Economia, Orçamento e Finanças, a proposição é votada neste órgão da Câmara Legislativa e posteriormente no Plenário por todos os deputados. Feitas as devidas alterações e correções no projeto, ele segue para sanção do Governador, que denota sua concordância com aquilo que foi votado. Caso o Governador discorde de algum artigo do projeto aprovado pela Câmara, pode vetar a parte que discorde. Se isso ocorrer, o orçamento volta para a CLDF, que pode ou não acatar o veto em votação no Plenário.
         Este processo ocorre anualmente e você, cidadão, pode não apenas acompanhar as decisões tomadas, como também pode influenciar as decisões de onde o dinheiro arrecadado com seus impostos será aplicado e devolvido para a sociedade. O processo ainda não atingiu o nível de transparência ideal, mas considerando o papel dos parlamentares de emendar o orçamento e fiscalizar sua execução, você pode e deve cobrar  do deputado em que votou (e de todos os outros, claro) que proponha emendas (e cobre do Executivo) para melhorar   a região em que você vive.
 

 
*Imagem retirada do site http://orcamento.inesc.org.br/